quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quero ser Religioso!


Bem, não espero que todos compreendam logo de cara. Eu não compreendi quando aconteceu. Passei quase três meses em silêncio sobre o assunto, só organizando as ideias e pedindo que Deus me segurasse pela mão e me guiasse nesse caminho, a princípio tão confuso e complexo.
Sim, quero mesmo ser religioso, consagrar a minha vida a Deus e estar a serviço da Igreja Católica. Venho pensando e rezando por isso desde Novembro passado, quando senti que Deus me chamava, e hoje creio ser a minha vocação, minha missão.
Comentei com minha família assim que me senti seguro sobre o assunto e há pouco tempo resolvi comentar com alguns amigos, e não me preocupar se a notícia se espalharia, então vieram perguntas como: “Mas, você não quer casar, ter filhos?”, “Você sabe que pode servir de outra maneira, né?”. Não é tão simples quanto possa parecer, não é como escolher qual sabor de sorvete irei tomar. Sofri e me questionei muito sobre isso, mas é algo maior que o entendimento objetivo de uma decisão, porque não é um simples desejo humano, creio ser algo que venha do coração de Deus. De qualquer forma, não me importo mais com tais perguntas e agradeço aos que respeitam, incentivam e se alegram por mim!

Sempre estive muito próximo ao Sagrado, das coisas da Igreja. Mesmo no meu período de deserto espiritual, em que estive quase dois anos afastado da minha religião, sentia Cristo comigo. Hoje, não sei se consigo explicar de forma objetiva como é ser chamado à vida religiosa, mas é como se minha vida fizesse mais sentido, como se eu tivesse sido preparado para isso a minha vida toda, mesmo que não parecesse. Foi algo que tocou meu coração e não saiu mais da minha mente, foi o Espírito Santo me inspirando a fazer algo maior da minha vida, é o desejo de levar Cristo e Sua Palavra a todas as criaturas, de enxergar em cada sorriso ou lágrima, em cada homem, mulher, criança, idoso, negro, branco, índio, a “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1, 27). Contemplar O Criador, através da criação. É o desejo de ser sinal da presença de Jesus. Servir, como Ele nos disse que deveríamos fazer (Cf. Mt 20, 26).
Um dia escutei de um frade Agostiniano, Frei Paulo Gabriel, que um Padre não é melhor que um cristão leigo, só porque dedica sua vida à Igreja e aos irmãos, pois ambos servem a Deus, cumprem sua missão, mas cada um no lugar em que Deus os designou, em uma família, como leigo consagrado ou como religioso. Assim, percebo que poderia, como leigo, enxergar e sentir tudo o que sinto focado na vida religiosa, mas acredito que viverei e testemunharei de forma mais completa e, arrisco dizer, satisfatória, sendo religioso.
Sei dos vários desafios que enfrentarei neste caminho. Irei me distanciar fisicamente de minha família e amigos (mas continuaremos unidos espiritualmente e em oração) terei uma regra de vida e uma rotina diferente da que tive até hoje, enfrentarei provações, tentações, desafios, desânimos. Mas, se é onde Deus me quer, eis-me aqui!


Uma amiga que também busca a vida consagrada e quer ser religiosa, disse-me certa vez que se fomos escolhidos é porque Deus sabe que nós seremos capazes das renúncias e sacrifícios exigidos. Sinto-me uma pessoa e um servo melhor, nesse desejo de dedicar a minha vida ao povo de Deus e à construção de Seu Reino, na Ordem. Muitos podem achar que estou iludido com esse caminho, porém na verdade, só prefiro ter um olhar otimista sobre a situação. Prefiro o copo sempre meio cheio.

Bem, como disse, não espero que todos compreendam logo de cara. Eu não compreendi.
 
“A minha expectativa e esperança é de que não vou perder a causa, em qualquer hipótese. Pelo contrário, conservarei toda a minha segurança e, como sempre, também agora Cristo será engrandecido no meu corpo, quer eu escape da morte, quer não. Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer, lucro.” 
(Filipenses 1, 20-21)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Amanhã (?)


Em um desses breves momentos em que se para pra pensar na vida, notei que estava ansioso demais pelo futuro. Me proponho, então, a ir mais devagar e aproveitar o meu presente, que como o próprio nome sugere, é uma dádiva.

Pensando bem, essa cultura de planejar o futuro, pensar no amanhã, nos é, de certa forma, imposta e estimulada desde que nascemos. Mal somos trazidos ao mundo e nossos pais e familiares já sonham com nossos primeiros passos, primeiras palavras. Vive-se o hoje, com um certo desejo de que o amanhã chegue logo. O amanhã não existe. Aliás, no plano espiritual, eu acredito na existência dele, mas no plano real, da vida enquanto matéria, o amanhã é incerteza. Não é algo que se possa garantir, é uma idealização projetada pela esperança latente em nós.
Quando criança, queremos ser jovens, aproveitar a juventude, amizades, namoros, faculdade, carteira de habilitação, festas até altas horas. Romper as barreiras que nos são impostas pela inocência, ingenuidade e tenra idade. 
Na juventude, quando estamos vivendo aquele momento que sonhávamos, percebemos que nem tudo são flores. É essa a época das decepções, das angústias, dos corações partidos e de partir corações. Talvez por isso, vem aquele desejo pela vida adulta, estabilidade financeira, sucesso profissional, família para alguns, ser dono do próprio nariz, fazer o que quiser, quando quiser, com quem quiser, onde quiser. Ou pelo menos onde não vá causar (muitos) problemas.
Mas, percebo por experiência própria e pelo que vejo no meu círculo social, que o hoje não basta, hoje é tempo perdido. O agora passa e nem se percebe. Perde-se momentos especiais com quem amamos, até mesmo momentos seu consigo mesmo. Há pressa, correria, o amanhã vai chegar e tudo deve ester perfeito. Não temos tempo de aquietar, parar o que se está fazendo e perceber o caminho que já trilhamos, as dificuldades que já superamos e a beleza da vida à nossa volta. Sempre há beleza, afinal ela está nos olhos de quem vê, não é?! Ainda que haja dor, sofrimento, crueldades, imoralidades e tantas outras coisas que levam muitas pessoas a questionar a bondade de Deus, ou até mesmo, Sua real existência. Eu acredito que sempre, pra tudo, há dois lados e um deles, é bom. É manifestação de Deus.
Posso estar falando besteira, e talvez esteja mesmo, mas eu acredito que, em partes, os males da modernidade, as doenças e as perturbações psicológicas, se devem à falta de interiorização do ser humano, o olhar para dentro de si e contemplar, como criatura, o seu criador. Se acredita em Deus, ore. Se acredita na natureza como força criadora, contemple-a. Se seu ceticismo extrapola o meu entendimento, então apenas admire as belezas do mundo, que convenhamos, são muitas e enchem os olhos. Volte-se para as pequenas coisas que por algum motivo, trazem sorriso e alegria para o seu rosto, sua vida. São clichês, eu sei, mas algo se torna clichê por ser sempre repetido, e se é repetido, é porque é necessário, talvez, porque falte a consciência de algo em nós.
… na verdade, esqueça tudo isso. Quem sou eu para aconselhar algo a alguém? Mais um angustiado com o que Deus ainda vai colocar em minha vida, mais um ansioso pelo futuro. Não se deixe influenciar pela minha filosofia vã, barata e pretensiosa. Não há tempo pra isso. Mas, alguém que, do meu ponto de vista, tem moral para chamar a nossa atenção, disse, certa vez: “O ontem já se foi, o amanhã ainda nem veio. Só temos o hoje. Comecemos.” (Madre Teresa de Calcutá).
Conforme-se, o amanhã, não virá.

 L.Belançon

sábado, 31 de dezembro de 2011

Adeus ano velho, Feliz Ano Novo...

Não há como negar o friozinho que dá na barriga quando chega 31 de Dezembro. É mais ou menos como no começo do ano letivo, quando você compra o material. Caderno novinho, canetas nunca usadas, o grafite novo na lapiseira nova, a borracha ainda limpa. Aquela sensação de que você poderá escrever o que quiser no caderno, que irá caprichar na letra e a clássica promessa de que nesse ano, você vai  realmente estudar e não enrolar como no ano passado.

Todos nós temos essa expectativa e ansiedade para o ano que vai nascer na próxima madrugada. Mas, o caderno em questão é a nossa vida e o rumo que daremos a ela. Ser uma pessoa melhor, estudar mais, fazer caridade, emagrecer... enfim, novos planos velhos para um ano novo. Incluindo até mesmo a superstição de usar as cores que trarão paz, dinheiro, amor.

O meu 2012 vem carregado de expectativas para a realização de alguns grandes desejos, entre eles o Mochilão, que se Deus quiser, fechará um ano que tem tudo para ser um dos melhores da minha vida. Passar no vestibular, de novo, e terminar a faculdade, são os outros dois grandes desejos para o próximo ano, mas, como qualquer pessoa, também almejo os objetivos clássicos que citei acima.

A oportunidade de corrigir nossos erros e buscar novos horizontes é que nos faz pensar na virada do relógio, porque é sempre agradável imaginar que se pode começar as coisas do zero, como se o que você carregasse consigo fosse apenas experiência e não mais a culpa, os erros, as perdas que te fizeram crescer e amadurecer. Há a possibilidade de mudar, ser quem você quiser, fazer o que você quiser e ter apenas as pessoas que te agradam por perto, os inimigos devem ficar pelo caminho, junto com os fracassos e tristezas. Jamais ignorá-los, mas superá-los. Como tudo na vida, só depende de você.

Começar a escrever no caderno novo é incrivelmente prazeroso, então vamos caprichar na letra.

Feliz 2012!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Buon Natale!

Ah o Natal! O nascimento de Jesus, nosso Senhor e Salvador. 
Essa solenidade me lembra também o nascimento da misericórdia e do amor de Deus por nós. Através do ventre virginal de Maria, Deus se fez homem e habitou entre sua criação, como uma de suas criaturas. Nasce o Deus menino, portador de todo amor e misericórdia divina, e nos dando gratuitamente a salvação.

Até mesmo no meu tempo de deserto, período em que eu me afastei de toda religiosidade e fé, eu sentia a importância do Natal. Hoje, acredito que essa inquietação em minha alma,  era Jesus me chamando de volta. Eu me afastei, mas Ele jamais se afastou de mim e hoje, me sinto em sintonia com Ele novamente. Não estou salvo, ainda tenho um caminho longo e desafiador até alcançar a salvação, mas tendo a certeza de que Jesus está comigo, o caminho torna-se muito menos difícil.

Nunca foi dito que seria fácil seguir Jesus, fechar-se para algumas facilidades e seduções do mundo. Mas, tenho certeza de que valerá a pena. Comece aos poucos. Comece amando os seus, levando alegria, paz e bem àqueles a sua volta, aos poucos você alcançará os que estão distantes. E o caminho se tornará mais claro e alegre.
Não se preocupe com os desafios, com o medo, o Evangelho nos mostra que quando Jesus chamou Pedro para andar sobre o mar revolto, ele também teve medo, mas o Senhor estava lá para socorrê-lo. Jesus está ao seu lado também, e Ele só quer a sua permissão para agir e fazer maravilhas. Basta crer. Creia!

Que Jesus possa renascer no seu coração e no seio de sua família e que Maria passe a frente, intercendo por ti. Esta mulher que foi a primeira Cristã e exemplo de fé e servidão, quando ao dizer sim a Deus, possibilitou que a salvação nos fosse entregue por seu filho, Jesus.

Pegadas na Areia

Uma noite eu tive um sonho. Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do Céu, passavam cenas de minha vida. Para cada cena que passava, percebi pegadas na areia; Uma era minha e a outra do Senhor.
Quando a última cena de minha vida passou diante de nós, olhei para as pegadas. Notei que muitas vezes no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei, também, que isso aconteceu nos momentos mais difíceis da minha vida.
Isso aborreceu-me e perguntei então ao Senhor:
- Senhor, Tu me disseste que uma vez que eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre comigo, todo o caminho. Mas notei que nos momentos das maiores atribulações do meu viver, havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par de pegadas. Não compreendo... Porque nas horas em que eu mais necessitava Tu me deixastes?
O Senhor respondeu:
- Meu precioso filho, eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento. Quando vistes na areia apenas um par de pegadas, foi exatamente aí que eu te carreguei em meus braços.

"Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei; Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas; Porque meu jugo é suave e meu peso é leve." (Mt 11, 28-30)


Buon Natale a tutti!
Feliz Natal =D

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

As Três Árvores

Havia no alto de uma montanha, três pequenas árvores que sonhavam com o que seriam depois de grandes. A primeira, olhando as estrelas,disse:
- Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada.

A segunda olhou para o riacho e suspirou:
- Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas.

A terceira árvore olhou o vale e disse:
- Eu quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus.

Muitos anos se passaram, e certo dia vieram três lenhadores e cortaram as três árvores, todas muito ansiosas em serem transformadas naquilo com que sonhavam. Mas, lenhadores não costumam ouvir nem entender sonhos!

A primeira árvore acabou sendo transformado num cocho de animais, coberto de feno. A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias. E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em altas vigas e colocada de lado em um depósito.
E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes: 
- Para que isso?

Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu filho recém-nascido naquele cocho de animais e de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo!



A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas, quando a tempestade quase afundou o barco, o homem se levantou e disse: "PAZ!" e num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o Rei dos céus e da terra.



Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo se sentiu horrível e cruel. Mas, no domingo, o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem, para a salvação da humanidade, e que todos se lembrariam de Deus e de Seu  Filho, Jesus Cristo, ao olharem para ela.



As árvores haviam tido sonhos, mas seus destinos foram muito melhores e mais sábios do que haviam imaginado.

Temos os nossos sonhos e nossos planos que, por vezes, não coincidem com os planos que Deus tem para nós e, quase sempre, somos surpreendidos com Sua generosidade e misericórdia. É importante acreditarmos, termos fé, compreendermos que tudo vem de Deus, pois Ele sabe muito bem o que é melhor para cada um de nós.